Lugar 17-D + 17-E + 17-F + 18-A + 18-B
MAFALDA PINTO
+
SOLANGE F.
+
ANA MALHOA
+
JOSÉ LUIS PEIXOTO
+
FERNANDO RIBEIRO
(excertos de apontamentos de José Luis Peixoto, intercalados com acontecimentos vividos na loja da Companhia Aérea Nós + mail de José Luís Peixoto para Fernando Ribeiro)
"A rapariga entra na loja e dirige-se ao balcão. É de uma vulgaridade estonteante, os cabelos loiros e um decote profundo tornam a sua feminilidade convidativa. Um dos empregados da loja tenta chamar-lhe a atenção, mas ela ignora-o e dirige-se à jovem Suzete. A conversa com Suzete é curta. E a compra do bilhete é feita rapidamente. Só no momento de pagar é que Mafalda, assim se chama a rapariga, começa a estender languidamente a sua conversa."
M.P.- E jornais, oferecem algum?
Nós- Temos uma vasta selecção de jornais e revistas, como por exemplo, o novo Sol ou as revistas Sábado e Premiére.
M.P.- Estou mais interessada nos jornais, porque estão mais associadas à mendicidade.
Nós- ...pois.
M.P.- Eu ando a fazer "research" sobre papéis que me interessa fazer, como mendiga, ou lésbica...
Nós- Mendiga? No avião?
M.P.- Mendiga ou lésbica. Temos que estar atentos porque a inspiração aparece em qualquer lugar, nunca se sabe.
"Suzete sorri e olha para a porta. A mulher que entra é a personificação da sua conversa com Mafalda. Os seus cabelos são cinzentos e estão espetados em todas as direcções. O seu andar é masculino, ela é o oposto de tudo o que Mafalda é. E precisamente o que Mafalda procura. A mulher apoxima-se, estanca atrás da rapariga e espera a sua vez de ser atendida. Mafalda vira-se e inicia o seu ataque."
M.P.- Desculpa, posso fazer uma pergunta indiscreta?
S.F.- Deixa-me adivinhar "F. é de quê?"
M.P.- Ah! Ah! Então deixa-me reformular a minha pergunta, F. é de fufa?
S.F. - Não. É de Fonga!
"A conversa termina. A rapariga não se sente satisfeita com o fracasso das suas investidas em relação a Solange, que entretanto terminou a conversa dirigindo-se a outro balcão. Mafalda sente-se frustrada e amaldiçoa Solange, deseja vingar-se dela. Deseja que ela seja humilhada. Deseja que ela morra. Suzete sorri e olha para a porta."
A.M.- Tam'ém kero ir no avião!
"Suzete atrapalhada chama a mulher para o balcão. A mulher chama-se Ana. Traz um fato de treino de cetim e um boné côr de rosa. E umas grandes argolas douradas que ofuscam os olhos de Mafalda. Mafalda examina esta mulher de alto a baixo, da chinela ao piercing no lábio."
A.M.- Tás a ólhar prá onde, ó?
"É a vez de Mafalda se atrapalhar e rapidamente pegar nas suas coisas para sair da loja. Mas algo faz com que se atrase ao sair da loja permitindo-lhe assim assistir ao momento seguinte. O momento em que Ana se dirige ao balcão e Solange se vira para sair da loja. Um momento visto em câmara lenta. O momento em que Ana e Solange se tocam por breves segundos."
A.M.- Ó fufa do karalho, não tens olhos na testa?!
S.F.- Vê mas é por onde é que andas!
A.M.- Ó puta, dou-te 1 pontapé no céu da boca, nunca + dizes os Fs!
S.F.- Dá lá!
(...)
"Fernando:
Junto envio-te uns apontamentos sobre uma cena que assisti numa loja duma companhia aérea. Gostava que fizesses uma música a partir deste ambiente que é tão forte. Estou um bocado desesperado. Não tenho tempo para escrever um livro sobre isto. Pedi ao Meridional para eles fazerem uma peça, mas eles dizem que se afasta demasiado do universo deles. Os Stan também não estão interessados. Restas-me tu. Faz-me esse favorzinho.
Bjs
Zé"
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SOLANGE F.
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ANA MALHOA
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JOSÉ LUIS PEIXOTO
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FERNANDO RIBEIRO
(excertos de apontamentos de José Luis Peixoto, intercalados com acontecimentos vividos na loja da Companhia Aérea Nós + mail de José Luís Peixoto para Fernando Ribeiro)
"A rapariga entra na loja e dirige-se ao balcão. É de uma vulgaridade estonteante, os cabelos loiros e um decote profundo tornam a sua feminilidade convidativa. Um dos empregados da loja tenta chamar-lhe a atenção, mas ela ignora-o e dirige-se à jovem Suzete. A conversa com Suzete é curta. E a compra do bilhete é feita rapidamente. Só no momento de pagar é que Mafalda, assim se chama a rapariga, começa a estender languidamente a sua conversa."
M.P.- E jornais, oferecem algum?
Nós- Temos uma vasta selecção de jornais e revistas, como por exemplo, o novo Sol ou as revistas Sábado e Premiére.
M.P.- Estou mais interessada nos jornais, porque estão mais associadas à mendicidade.
Nós- ...pois.
M.P.- Eu ando a fazer "research" sobre papéis que me interessa fazer, como mendiga, ou lésbica...
Nós- Mendiga? No avião?
M.P.- Mendiga ou lésbica. Temos que estar atentos porque a inspiração aparece em qualquer lugar, nunca se sabe.
"Suzete sorri e olha para a porta. A mulher que entra é a personificação da sua conversa com Mafalda. Os seus cabelos são cinzentos e estão espetados em todas as direcções. O seu andar é masculino, ela é o oposto de tudo o que Mafalda é. E precisamente o que Mafalda procura. A mulher apoxima-se, estanca atrás da rapariga e espera a sua vez de ser atendida. Mafalda vira-se e inicia o seu ataque."
M.P.- Desculpa, posso fazer uma pergunta indiscreta?
S.F.- Deixa-me adivinhar "F. é de quê?"
M.P.- Ah! Ah! Então deixa-me reformular a minha pergunta, F. é de fufa?
S.F. - Não. É de Fonga!
"A conversa termina. A rapariga não se sente satisfeita com o fracasso das suas investidas em relação a Solange, que entretanto terminou a conversa dirigindo-se a outro balcão. Mafalda sente-se frustrada e amaldiçoa Solange, deseja vingar-se dela. Deseja que ela seja humilhada. Deseja que ela morra. Suzete sorri e olha para a porta."
A.M.- Tam'ém kero ir no avião!
"Suzete atrapalhada chama a mulher para o balcão. A mulher chama-se Ana. Traz um fato de treino de cetim e um boné côr de rosa. E umas grandes argolas douradas que ofuscam os olhos de Mafalda. Mafalda examina esta mulher de alto a baixo, da chinela ao piercing no lábio."
A.M.- Tás a ólhar prá onde, ó?
"É a vez de Mafalda se atrapalhar e rapidamente pegar nas suas coisas para sair da loja. Mas algo faz com que se atrase ao sair da loja permitindo-lhe assim assistir ao momento seguinte. O momento em que Ana se dirige ao balcão e Solange se vira para sair da loja. Um momento visto em câmara lenta. O momento em que Ana e Solange se tocam por breves segundos."
A.M.- Ó fufa do karalho, não tens olhos na testa?!
S.F.- Vê mas é por onde é que andas!
A.M.- Ó puta, dou-te 1 pontapé no céu da boca, nunca + dizes os Fs!
S.F.- Dá lá!
(...)
"Fernando:
Junto envio-te uns apontamentos sobre uma cena que assisti numa loja duma companhia aérea. Gostava que fizesses uma música a partir deste ambiente que é tão forte. Estou um bocado desesperado. Não tenho tempo para escrever um livro sobre isto. Pedi ao Meridional para eles fazerem uma peça, mas eles dizem que se afasta demasiado do universo deles. Os Stan também não estão interessados. Restas-me tu. Faz-me esse favorzinho.
Bjs
Zé"
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